Tuesday, April 03, 2007

Ora, oras... Bem na hora!

A agulha passa no disco negro, o gemido se estende pelo chão da sala. A sombra sobre o tapete faz com que a mesa pareça bem maior. Os olhos vermelhos, o jeito cansado de olhar para cima. As mãos que envolvem a caneca de café quente, os cigarros logo ali em frente, uma caixa de palitos com fósforo-os mais vagabundos que o dinheiro pode comprar.
A sala, a televisão, a janela com cortinas brancas. Toda noite é isso, sem erro. Sempre a rotina se repete de um modo cada vez mais cruel e doloroso.
As músicas já fazem pouca diferença. Não seria louco em dizer que não fazem diferença, uma boa música faz muita diferença. O indiferente sou eu, oras! Mas mesmo com toda essa ''frieza'' eu ainda deixo-me abalar em alguns momentos, como não?
É como em um jogo cansativo e longo, você só pensa em chegar no final.
Ardor, a dor...
-''Que dor, meu filho? É o dente ou a barriga?''
-''Não, não é o dente. Não é dor, pai, é só a mesma expressão que um escritor usava.''
E a vontade de envelhecer logo, desaparece. Saber que eu posso me tornar alguém é muito grande. Finalmente eu tomo a decisão que precisava, já era hora. Vou lá, preciso dos vermelhos com calda laranja.
-''Amigo, busca o de sempre. Ah, hoje tô sem dinheiro, amanhã a gente acerta!''

-Não entendam mal, esse texto é esquisito mesmo...-

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