Saturday, March 31, 2007

A complexidade que se esconde atrás do espelho

Rotinas já não são mais normais. Cada dia em um ponto, partindo para um novo desafio nada desafiador.
Às vezes bate uma saudade grande, eu olho fotos, ouço músicas, volto a ficar em silêncio. Junto com a saudade vem a vontade de fumar, e eu fumo.
Escuto coisas que não são comuns, vejo anormalidades.
Quando imaginei que acabaria assim?
Vivendo e caindo, todos os dias. Lutando e descobrindo-me, a cada noite.
Um conselho bom e anormal seria o que dão, o que sempre dizem. Dizem que devemos lutar até o final, isso é errado. Devemos lutar o nosso final. O meu final ainda não chegou, nem está próximo. Por isso, não canso de planejar a luta. Lutar é muito complexo...

Sunday, March 25, 2007

Obsessor

No fundo, bem no fundo, eu queria ser um cara diferente.
Queria ter cabelos longos, morar em um lugar que tivesse clima frio. Queria viver de música!
Pensando bem, eu queria mesmo é viver do que escrevo e falo. Ser um jovem escritor, que lê e escreve sobre o que tem vontade.
Queria ter mais habilidade e destreza com a máquina de escrever e com o cérebro.
Não ter lembranças cegas e não me tornar o que se estou me tornando.
Gostaria de perder a mania de beber, de andar pelas ruas. De não falar com qualquer mulher que me agrada fisicamente, de não ser mais promíscuo e louco. Seria bom, também, se eu não precisasse de certas drogas pra viver. Sim, eu preciso das drogas! ( Droga é qualquer coisa que causa dependência, no meu modo de ver).
Ser mais calmo, preciso e menos irreal. Colocar os famosos pés no chão, levar uma vida alternativamente normal. Meu pai diz que é possível. Meu pai diz que é totalmente possivel ser feliz fazendo o que se gosta. Disse que não é como ele imaginava, que quando tinha minha idade sonhava em ser geografo mas não sonhava em ser pai, nem em residencia fixa.
Eu não sonho alto. Acho que já falei o que quero. É fácil deduzir o que não quero agora.
Não quero ser responsável, não quero fazer coisas das quais me envergonho, não quero usar blusas de bandas, não quero ter uma namorada que me diz o que é certo ou errado.
Na verdade, bem fundo, é disso que eu preciso. Não preciso de uma namorada como as que tive, preciso de coisas novas. Não preciso de ninguém, sinto-me muito bem assim. Mas às vezes, só às vezes, dá saudade dos telefonemas e das declarações. Quando me sinto assim, meio sozinho, pego o telefone e ligo pra última menina que fiquei e marco um próximo encontro. Não estou esbanjando, acho que não estou em condições para esbanjar. São 2:30 de segunda-feira e eu estou visivelmente bêbado. Perdi minhas lentes, estou parcialmente cego.
Ultimamente tenho me julgado tão bom, tão superior aos atritos com o mundo que não procuro mais ajuda nas relações passadas.
Incrivel, eu escrevo melhor quando estou dopado. É impossivel viver sem as drogas, eu sei disso.
Se um dia eu morrer, só vou deixar meus discos e meus escritos. Portanto, não me preocupo muito. Só vou levando. Diferentemente de alguns dias que se passaram, tenho prazer em dizer: estou vivo. Vivo cada dia, vivendo e morrendo em todos meus momentos.
Minha cabeça gira, o melhor a fazer é deitar e tentar dormir. E é isso, cada dia mais vivo!

Friday, March 23, 2007

De la Rocha

Escrever, mesmo tendo perdido um pouco da magia, ainda faz bem. Juntar letras, fazer um conjunto bonito, agrupar algumas frases e dizer que ficou bom ainda é prazeroso.
Clarice Lispector já dizia que a lingua portuguesa era tão bela que a sua poesia se tornava mera repetição. É isso que sinto. É tão perfeito o ato de escrever que fico pasmo com tamanha repetição de minha parte. Queria usar isso de um modo mais calmo, sensato, inteligente.
Enfim, ainda há tempo para melhorar. Mesmo achando que sou suficientemente regular, eu busco melhorias.
Deito no sofá todas as manhãs, fico pensando como posso melhorar a minha forma de lidar com as letras. Pensei em adotar o método de Drummond e começar a criar uma nova linguagem, mas isso doeu tanto meu ego que preferi prosseguir assim. Não consigo ser bom com a antiga, como seria bom com a nova?
Os últimos dias não têm sido nada poéticos. Não que inexista poesia em uma rotina ociosa, é que ando meio revoltado comigo mesmo. Não consigo produzir muito quando estou descontente, é fato. Não que esteja descontente comigo mesmo, é que estou cada vez mais descontente com o que vejo quando ando pelas ruas. Vai ver que é por isso que teimo em permanecer deitado, esperando.
Essa semana conheci um sujeito interessante, chama-se Zack de la Rocha. É impressionante como ele arranja vontade de lutar, é aguerrido e enérgico. Eu invejo o Zack. Não que o espírito de luta tenha morrido em mim, é que ando sem ânimo mesmo...
Enfim, há mais semanas por vir. Há mais aulas chatas de Sociologia para discutir sobre sobre a bolsa de Nova Iorque. Há mais aulas de Filosofia para escrever textos bons em meio a uma apresentação sobre ''achados históricos''.
Falando nesse texto, pensei em publicá-lo. Pensando bem, deixei-o para uma ocasião mais nobre.
Termino essa noite. Termino, assim como terminei inúmeras: pensando no amanhã.
Que o espírito nunca se deixe abater e que, enfim, surjam as novas eras.

(Como fui medíocre e repetitivo novamente, o próximo texto será bem melhor, prometo. E, só para constar: ''ainda contém erros de potuguês'')

Sunday, March 18, 2007

''Oh, a vida vai bem, obrigado.
E, mesmo que não fosse muito bem, quando a gente tá com um sorriso bom, não há do que reclamar... Se queixa é querer demais. Então, tá tudo como o diabo gosta!''
-Elis Regina, antes do primeiro show com Chico e Tom fora do Brasil.-


Com o passar do tempo, tudo se resolve. Até a gripe melhora e os conhaques ao som de conversas sem muito conteúdo se tornam algo produtivo.

Monday, March 12, 2007

Ressoa

''Tinha plena consciência do ato que cometia
a maior covardia de que se tem notícia
Qorpo-Santo, em sua reencarnação feminina
assina a maior covardia de que se tem notícia
Se bem que a responsabilidade também é minha
pelo maior fiasco de que se tem notícia
Por tanto tempo eu tentei ser o escudo humano que a protegia
o maior fiasco de que se tem notícia
Não é do meu feitio ser tão obsessivo
o choro compulsivo não é do meu feitio
O hino inimigo ressoa, e ressoa, e ressoa
Em praça pública, à luz do dia,a maior covardia de que se tem notícia
Qorpo-Santo, em sua reencarnação feminina
assina a maior covardia de que se tem notícia
Ninguém sabe ao certo se eu fui algoz ou vítima
o maior fiasco de que se tem notícia
Qorpo-Santo, fêmea longínqua e minha
fêmea longínqua e minha
Tente não dar ouvidos ao canto tão agressivo
é um grito inofensivo
é você que o mantém vivo
O hino inimigo ressoa, e ressoa, e ressoa
Sob o efeito de um banquete de comprimidos
esse quarto finalmente testemunha
uma noite de sono tranqüilo
embora eu saiba que em todo lugar, porque se hoje foi assim
então sempre será
O hino inimigo ressoa, e ressoa, e ressoa''

Saturday, March 10, 2007

Chatices

-vamos sair hoje?
-não.
-por que não? ontem você tava tão legal comigo, além do mais, suas amigas falaram que você é sempre tão legal e...
-nem sempre.
-mas vamos sair então e...
-não, porque nem sempre.

Wednesday, March 07, 2007

Outros

Dias, noites, sonhos... Tem sido assim, sem nexo.
Tudo amontoado, perdido e sem muita razão.
Sem nada a fazer, seguir é sempre o melhor.
A dizer, só tenho o de sempre.
A fazer, só tenho que ser.
Em meio a tudo isso, o desejo antigo diz: Manhãs melhores!
http://youtube.com/watch?v=uKZIi66qwdY&mode=related&search=

Saturday, March 03, 2007

Engodo

Com ou sem você, eu sigo. Vivendo cada dia, tombando a cada cruzamento. Servindo de escora, de apoio. Alugado, servi-me como nunca.
Enfim, deu-se o fim. A flor que dei, servia para que achasse alguém. Não alguém que tomou-me amor, mas alguém que mostrou quem sou.
Eu fiz de tudo pra você perceber, você percebeu.
A mesma flor me deu alguém pra amar. Quanto a mim? Você assim e eu, por final, sem o mérito desmerecido.
Depois do tempo que se passa lentamente, vejo a verdade.
Vejo a verdade e que a verdade não é a pior.
Que, mesmo sabendo disso, eu teimei.
Fiz o pior.
O amuleto que tanto guardei, deixei cair. Agora só me resta tentar pegar no ar enquanto ele não toca o chão.
Ah, esse sereno misturado com fumaça e neblina... Um capricho, uma rixa, um mal.
Nesse imbróglio, eu ainda aguento ouvir outro não.
Um talvez, um sim... Eu mereço, enfim.
Pense bem, não pense assim.
A volta, a ida, a volta que se deu. É assim, idas e vindas intermináveis.
Um dia a viagem acaba, acomodo-me e findo por cessar essa busca pela pausa da inquietude.
Nesse engodo, vejo-me cada vez mais repetitivo. Cada vez mais cansativo. Cada vez menos original. Totalmente emblemático e surrado. Uma farda velha, com botões de madre-pérola, que olhas e dizes: ''é, já foi boa!''
Eu sei, me perdi, mas só me acho em ti.

Thursday, March 01, 2007

Super Cola

Imagine-se preso em uma caixa de vidro. Uma caixa lacrada, com visão nada boa.
Quando lá dentro, você pode se mecher. Você, também, pode ter alimento e diversão. Mas, sem outras coisas, o alimento e a diversão de nada valem. Assim como a imagem que se pode ver da caixa, procure olhar ao redor dela.
Agora, olhando a caixa de cima, imagine-se livre. Mas, quando livre, você pede pela volta. Pede e clama, aos berros. Não há volta e você não vê um caminho a seguir.
Como passou um tempo bom preso, não tem mais credibilidade alguma com outras pessoas. Elas acham te chamam de louco, de sequelado.
Agora, olhe para você. Você é um cara e tanto, é inteligente e altamente capaz de qualquer coisa. É saudável e tem uma boa aparência, mas isso não importa. O que importa é que você é um ex-presidiário, um ex-presidiário de caixa feita de vidro.
Você saiu de lá, lá era seu lugar. Eles te mandaram para lá, você tem que estar lá, em lugar algum além de lá você pode existir.
Voltar para lá seria uma boa solução. Mas, você que é louco, destruiu a caixa e não pode voltar.
Já que você está aqui fora, na mesma órbita de um qualquer, dê uma volta.
Imagine-se, agora, pairando sobre as ruas e avenidas. Dê uma passada nos bosques e parques. Aproveite, escute a música que te faz recordar coisas boas, faça novos amigos. Mas, não diga que é um louco antes de que eles lhe sirvam café. Passe em frente ao prédio dela, olhe o azul da faixada, veja se a janela ainda está aberta. Não, esqueça o detalhe da janela. Já são quatro da manhã, ela deve estar dormindo e sonhando com o futuro.
Pense. Não pense pouco, pense mais que o preciso. Pensar, sempre é bom.
Se você for sair e alguém perguntar onde vai, diga que vai para casa pensar.
Agora, volte ao prédio dito. Olhe bem, dê uma olhada e perceba os mínimos detalhes. Imagine-se vivendo algo bom nesse local. Agora, imagine uma banda boa. Imagine o seu ídolo ali, na sua frente. Pronto, você viveu muito. Você viveu o passado de muitas pessoas. Muitas pessoas que, assim como eu, têm saudades do passado.
Volte a dormir, sonhe com a maldita caixa e cole-a com Super Bonder.